Impressionou-me a singeleza com que o escritor e filósofo Matias Aires compôs sobre o Amor, definindo-o assim: “O amor não se pode definir; e talvez que esta seja a sua melhor definição. Sendo em nós limitado o modo de explicar, é infinito o modo de sentir”.
Comecei a pensar, o quanto é difícil discorrer com palavras o vocábulo mais simples, fascinante e belo que DEUS trouxe à vida: O Amor. Estaria exagerando se dissesse que o amor é um intruso extraordinário que dita as ordens fazendo-nos submissos da dor, do prazer e da alegria? Certamente que não! Ama-se de igual modo, em qualquer idade e em qualquer circunstância.
O amor não tem cura, se o contraímos ele nos deixa cicatrizes eternas e perceptíveis. Começa com a força dominante, expressiva e miraculosa do olhar; em seguida, o coração dispara como se quisesse fugir do flagrante delito de se dar; depois, o intelecto entra na máquina do tempo, e nos transporta ao mundo encantado da criança, esse encantamento que só vê bondade e ternura, na figura do ser amado.
Se o amor nos alcança num complexo período de carência, a adrenalina do afeto nos faz perigosamente vulnerável porque o verdadeiro perfil da pessoa amada está parcialmente protegido pela pureza dos sentimentos externados sem culpa e sem malícia de quem os tem. Quando se diz na linguagem popular que “o amor é cego”, existe uma sabedoria de verdade expressa na convicção das observações externas que testemunham a ingênua entrega sem o esperado retorno.
Nas relações amorosas autênticas, o que mais impressiona é a negação do óbvio, quando não se quer acreditar nas manipulações arquitetadas por maldosos aproveitadores. É fácil enganar aquele (a) que ao (a) outro (a) ama e desse amor levar vantagem de forma escabrosa e revoltante.
O amor é luz, brilho, ternura, doação, cuidado, entrega, renúncia, abnegação, espera, saudade, ansiedade…
Seres que não amam jamais definirão o que não sentem; os que não conhecem a dor física e da alma, tampouco saberão conceituá-las; ninguém poderá ser feliz sem ter ao menos amado uma vez, sem ter sentido o prazer de se revelar e de se descobrir numa saudosa melodia cuja letra retrate um pouquinho do seu “eu”, do seu instante de entrega alucinante, da certeza de ter sido amado e da satisfação que o amor lhe proporcionou. Afinal, a única pessoa que você precisa em sua vida, é aquela que demonstra que precisa de você.
A nobreza do amor, não admite escárnio, nem deve ceder espaço aos aproveitadores, não se pode permitir. O sentimento que nos torna fortes, também nos deixa vulneráveis, por isso, creio que a vulnerabilidade está enraizada na pureza da sensibilidade do verdadeiro amor.
Nunca podemos negligenciar o nosso amor próprio, o amor fraterno e o amor de Deus, pois serão eles que irão nos salvar.
Liana Franca
Delegada de Polícia Civil